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Enchente de 1983 completa 42 anos: tragédia que marcou Capinzal, Ouro e deu origem à Vila Sete de Julho

  • Jardel Martinazzo
  • 07/07/2025 10:00
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Nesta segunda-feira, 7 de julho, completam-se 42 anos da maior tragédia natural já registrada no Baixo Vale do Rio do Peixe. A enchente de 1983 causou inúmeros danos a vários municípios, entre eles Capinzal e Ouro, deixando um rastro de destruição, desalojando centenas de famílias.

Após cerca de duas semanas de chuvas intensas, o Rio do Peixe transbordou de forma histórica, atingindo níveis jamais registrados. Em Capinzal, o cenário foi desolador: mais de 90 casas foram completamente levadas pelas águas no bairro da Rua Beira Rio — onde hoje está localizada a Área de Lazer Dr. Arnaldo Favorito. Aproximadamente 116 famílias ficaram desalojadas, e o centro da cidade foi tomado pelas águas. Já em Ouro, 12 residências foram destruídas na Rua Voluntários da Pátria e a ponte sobre o Rio Leãozinho foi submersa.

A resposta imediata contou com uma mobilização conjunta de autoridades locais, voluntários e veículos de comunicação, especialmente a rádio local, que orientava a população em meio ao caos. Ginásios, casas de parentes e igrejas serviram de abrigo. Os serviços de energia elétrica e telefonia foram interrompidos por segurança, e ruas foram bloqueadas devido a deslizamentos.

Nascimento da Vila Sete de Julho

Em meio ao cenário de perdas, surgiu uma iniciativa de reconstrução que se transformaria em símbolo de superação: a criação da comunidade Vila Sete de Julho, batizada em homenagem à data da tragédia. O então prefeito Celso Farina, com apoio de lideranças e da comunidade, coordenou a doação de casas pré-moldadas pela Eletrosul, inicialmente destinadas à barragem de Foz do Areia, no Paraná. Com a aquisição de um terreno próximo à chamada “Estrada Velha” — doado por Lourenço Brancher — dezenas de famílias passaram a construir um novo lar na Cidade Alta.

O conjunto habitacional cresceu, e hoje a Vila Sete de Julho abriga centenas de famílias. Mais do que um loteamento, tornou-se símbolo de resiliência e memória viva da tragédia de 1983. A comunidade realiza, anualmente, celebrações religiosas e encontros para relembrar os acontecimentos e homenagear os que ajudaram na reconstrução.

No domingo, dia 06, ocorreu uma procissão, seguida por celebração de missa, almoço e matinê. O evento reuniu um expressivo público, entre moradores da comunidade, bem como de outras regiões da cidade e municípios vizinhos.

O coordenador da capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Adelírio Carvalho, comemora o sucesso do evento que teve mais cerca de 500 fichas de almoço comercializadas. Ele agradeceu todos os envolvidos na organização, os parceiros e as pessoas que prestigiaram:

João Alcides dos Santos, morador da Vila desde sua fundação e vítima direta da enchente, relembrou o drama vivido e o processo de criação da nova comunidade:


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