Cultura

Capinzal celebra os 115 anos da Ferrovia São Paulo–Rio Grande do Sul com roda de conversa sobre memória e legado

  • Gabriel Leal
  • 25/10/2025 11:27
134396000168fcdf204333e3.93697779.jpg

A Ferrovia São Paulo–Rio Grande do Sul, que corta o município de Capinzal, completou 115 anos de história no dia 21 de outubro. Idealizada ainda no período do Brasil Império, a ferrovia foi projetada em 1887 por João Teixeira Soares com o objetivo de impulsionar o desenvolvimento da Região Sul e atender a uma estratégia de defesa nacional, diante do temor de uma possível invasão argentina. A localização fértil e estratégica do território favorecia tanto a expansão produtiva quanto o deslocamento de tropas em caso de conflito.

Inaugurada oficialmente em 1910, a ferrovia tornou-se um importante elo entre o Rio Grande do Sul e São Paulo, fortalecendo o transporte de produtos agrícolas — como feijão e alface — e contribuindo para o crescimento econômico do Baixo Vale do Rio do Peixe. Desativada na década de 1990, deixou um legado histórico e cultural que ainda compõe a identidade da comunidade local.

Para marcar a data, a Secretaria de Educação, Cultura e Esportes, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo, promoveu na noite de sexta-feira (24) uma Roda de Conversa intitulada “Histórias do Trem: 115 anos da Ferrovia São Paulo–Rio Grande do Sul – memória, impacto e legado”. O evento foi realizado no CTG Sinuelo do Vale (Restaurante do Cabeção), anexo à Área de Lazer Dr. Arnaldo Favorito, reunindo convidados que compartilharam lembranças e reflexões sobre o papel da ferrovia no desenvolvimento regional.

A historiadora e coordenadora dos anos finais do Ensino Fundamental da Secretaria Municipal de Educação, Christiane Barossi, abriu a programação com o tema “A Ferrovia e sua Trajetória”. Em sua fala, destacou o percurso de 1.403 quilômetros que ligava Itararé (SP) a Santa Maria (RS), explicando aspectos do projeto, da execução e da influência do empreendimento durante a Guerra do Contestado (1912–1916), tendo em vista que sertanejos foram removidos da área para a instalação dos trilhos.

Christiane também mencionou o papel da Brazil Railway Company, comandada pelo empresário e político norte-americano Percival Farquhar, que assumiu a construção, concluiu as obras e investiu fortemente na indústria madeireira. A empresa recebeu concessão de 15 quilômetros de terras de cada lado da ferrovia, onde implantou loteamentos, fomentando o povoamento da região. O ambicioso plano de Farquhar era interligar a América Latina por meio de ferrovias.

Outro participante do encontro foi Carlos Alberto dos Santos, o Caleco — ex-prefeito de Capinzal (1970–1972) e filho do primeiro prefeito do município, Silvio Santos, que administrou entre 1949–1954 e 1959–1964. Ele abordou a temática “A Ferrovia e a Formação de Cidades”, relembrando como a ferrovia impulsionou o crescimento urbano e mencionando obras importantes realizadas durante sua gestão, como a construção da nova estação ferroviária.

Também participou o arquiteto Dirceu José Carneiro — ex-prefeito de Lages (1977–1982), deputado federal (1983–1987) e senador por Santa Catarina (1987–1995) — que tratou do tema “O Declínio e o Desafio na Preservação”, refletindo sobre o abandono das estruturas ferroviárias e a necessidade de valorização desse patrimônio histórico.

Na sequência, Terezinha Fornari Carneiro, ex-vereadora de Lages (1977–1983) e vice-prefeita (1993–1996), apresentou “O Futuro dos Trilhos”, propondo alternativas para ressignificar o uso das antigas ferrovias e manter viva sua memória.

O encontro foi mediado por Renan Hermes, integrante do Núcleo de Turismo da AMPECO. O público pôde interagir com os convidados e participar de um momento de perguntas e troca de experiências.

As secretárias municipais Simone Zapalalio de Oliveira Luz (Educação, Cultura e Esportes) e Talita Frizzo (Desenvolvimento Econômico, Inovação e Turismo), bem como, a diretora de cultura, Vania Schwaizer.

Créditos: Por Gabriel Leal - Capinzal FM

Enquete